Tempo de Criança
Zezinha era uma menina levada, que tirava o sossego do pai e da mãe. Tinha uma turma de irmãos, e quando se juntavam a casa quase vinha ao chão. Se um deles aprontava uma arte, os outros logo o encobriam para escapar do castigo da mãe, que às vezes fingia não ver.
Um dia, Zezinha e o irmãozinho, querendo muito chupar balinhas, resolveram pegar alguns trocados na carteira da irmã, que era professora. Para o azar dos meninos, ela tinha recebido o salário e a carteira estava cheia de notas novinhas! Sem conhecer o valor do dinheiro, pegaram tudinho e saíram, de mãos dadas, em direção ao bar da cidade.
Ao ver aquele dinheiro todo, Zé Preto se assustou!
- As balas acabaram, meninos! – disse ele prontamente. E mandou um mensageiro, correndo, avisar à mamãe...
Enquanto isso, os dois sapequinhas chegaram à venda da dona Sinhana... Foram pegos de surpresa, com um troco pequenininho e um saco de balas nas mãos! O irmão mais velho já adivinhava o castigo!...
Zezinha, muito espertinha, deu um jeito de escapar: passou a tarde inteirinha escondida no pomar! Desde então, a velha canção que mãe sempre cantava ficou eternamente em sua memória gravada:
TEMPO DE CRIANÇA*
Eu me lembro, quando criancinha,
Minha mãezinha zangava comigo
Dizia para dona Chiquinha:
Esta garotinha vai ser um perigo!
Corria para me bater
Eu a correr, ela a gritar:
- Pára, menina, para...
Senão vai apanhar!
Qual nada, eu não parava,
Continuava sempre a correr,
E o sol que parecia brasa...
Só voltava em casa ao anoitecer.
Voltava muito mansinha
Dizia à minha mãezinha:
- Por Deus, imploro perdão!
Aí, eu me ajoelhava
Ela perdoava e não batia não!
Você Sabia?
Tempo de Criança é uma composição de João de Souza e Ely Turquino. Foi grava em 1950, em disco 78RPM através do selo Star, por Adelaide Chiozzo, acompanhada no acordeom por Alencar Terra.