Os Escravos de Jó
Escravos de Jó
jogavam caxangá
Tira, bota, deixa o zambelê ficar
Guerreiros com guerreiros fazem zigue-zigue-zá.
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Você Sabia?
Brinca-se com uma pedra que vai sendo passada pelos integrantes da roda à medida que os versos são cantados. A término da cantiga, a criança que estiver com a pedra pagará uma prenda. Uma lenda do recôncavo baiano diz que nos canaviais, no tempo da escravidão, à noite, na senzala, os escravos jogavam de Escravos de Jô. Enquanto na casa grande pensava-se que os negros estavam brincando, eles estavam escolhendo qual o escravo que ia fugir. Caxangá seria pedra e Zambelê, o escravo velho.
Essa brincadeira, originariamente, é de marinheiros franceses. Está implantado na nossa cultura, sendo brincada em todo o Brasil. Na Bahia, entretanto, é alusiva à escravidão, com palavras de dialeto africano como caxangá e zambelê. Visitando um quilombo durante a pesquisa, conheci um velhinho de 94 anos que me contou a seguinte história: Na Senzala, num quilombo em Cachoeira da Bahia, os escravos brincavam de escravos de Jó. Na casa grande, pensava-se que estivessem brincando. Mas na verdade estavam organizando suas fugas... Escravo de Jó (em Iorubá, significa senhor) / Jogava Caxangá (que significa pedra) / Tira bota deixa o Zambelé (significa escravo velho) ficar / Guerreiro com guerreiro fazem zig zig zá. Onde a pedra caísse, aquele escravo fugia segunda; outro, terça; outro, quarta e assim sucessivamente. O Capitão do Mato não se dava conta da fuga. Sugiro que trabalhem danças, instrumentos musicais, crenças e comidas africanas e também a história da escravidão no Brasil.