Tutú Marambá
Tutu marambá, não volte mas cá
Que mãe da criança lhe manda matar
Tutu marambá, desça do telhado
Deixe meu filhinho dormir sossegado
Jacaré tutu, Jacaré mandu,
Tutu vai s'embora, deixe em paz o meu amor
Tutu marambá, fuja do telhado
Que o pai da criança está acordado
Tutu marambá, vá embora pro além
Que a mãe da criança vela seu neném
Jacaré tutu, jacaré mandu
Tutu vai s'embora, deixe em paz o meu amor.
Você Sabia?
Essa canção é africana e foi registrada por Veríssimo de Mello e encontrada em 1869.
Luiz Câmara Cascudo estudou o "Tutu" no "Ciclo da Angústia Infantil"2 e esclarece:
"Tutu é uma corruptela da palavra quitutu, do idioma quimbungo ou angolês, significa 'papão'. Diz a cultura popular que o melhor lugar para o primeiro contato com os aspectos ruins da vida é o colo. No colo e pelo sono, o bebê elabora e exorciza as perdas, o medo. Quando na vida real esses encontros acontecem, a vivência é atualizada e já não é de todo desconhecida. No Brasil tutu é um porco do mato que foge para a floresta quando a mãe do neném bate o pé no chão e diz "xô".
Ciclo da angústia infantil é o estudo da presença dos mitos, medos, ameaças nas cantigas de ninar. Câmara Cascudo diz que a cultura popular considera o colo o lugar mais seguro quando se sente medo. O encontro das crianças com o lado sombrio da vida, por via das cantigas de ninar, fortalece a alma infantil, que exorciza seus medos dormindo.